HyukJae P.O.V.
Uma sexta-feira comum na
empresa, gente correndo, contratos a serem analisados e assinados, ou seja,
turbulência. Eu exercia a profissão de secretário de um dos chefes, KyuHyun, um
dos meus supostos “amigos” , que era o chefe da ala dos fotógrafos.
Apesar de ter que
trabalhar pouco, eu não via hora de meu expediente acabar, dali à 1h, sendo
assim tentava fazer com que o tempo acelerasse jogando algum jogo online no meu
computador, enquanto mexia as pernas freneticamente embaixo da mesa. Meu chefe
havia dito para ninguém incomoda-lo agora, pois estava com muita dor de cabeça
e tinha que resolver alguns problemas, logo eu poderia ir embora, já que ele
não precisava de mim. Para entrar na sua sala, teriam que passar pela minha e
eu teria que comunica-lo e pedir sua autorização, então quem chegava aqui eu
apenas dizia que ele estava ocupado.
Nossa sala era no sétimo andar, então a vista
que a janela ao lado de minha mesa proporcionava era um tanto quanto bela, se
não fossem pelas fumaças de prédios, pelo menos eu tinha a visão da vida
apressada que essa cidade levava.
Ainda perdendo tempo
olhando pela janela, escutando o jogo dizer em uma voz robótica “GAMER OVER”
repetidamente, alguém tentava chamar minha atenção, batendo na porta já aberta,
enquanto me olhava com um sorriso doce no rosto.
--Com licença. – Ele se
dirigia minha mesa em passos calmos, enquanto eu fechava a tela do jogo e
dedicava minha atenção a si, ainda movendo os pés impacientemente debaixo da
mesa.
--Em que posso ajudar?
--Seu chefe. Avise a ele
que estou aqui.
Baixei os olhos
novamente para a tela do computador, enquanto abria a internet, respondendo sem
interesse.
--Ele pediu para não ser
incomodado senhor, volte amanhã, quem sabe.
Ele transferiu o peso do
corpo de uma perna à outra, sem o sorriso no rosto, agora apenas com uma curva
nos lábios.
--Ele vai me deixar
entrar, se ele brigar com você, eu assumo a culpa, então, por favor, avise a
ele.
Olhei descrente pra ele,
o tom de sua voz era doce, todavia demonstrava um pouco de impaciência, se era
ele quer iria levar a culpa, então tudo bem.
--O.K., então como é seu
nome senhor?—Eu já pegava o telefone pressionando o número “1” para que o
aparelho efetuasse a chamada.
--Kim RyeoWook.
Meu chefe atendeu:
“—Eu estou ocupado, espero que seja rápido.”
--KyuHyun me desculpe,
mas um homem chamado Kim RyeoWook quer falar com você, mando entrar?
Depois de uma exclamação
de surpresa ele respondeu: “-Sim, mande-o
entrar!”
Ele estava não estava
ocupado? Mesmo estranhando, permiti que o tal Kim entrasse.
--Me acompanhe, Sr.
Kim.—Ainda que fosse leva-lo apenas a porta que havia na esquerda da sala, fui
ensinado a abrir a porta para os clientes do meu chefe. Kim sorriu e respondeu
em seguida:
--Tudo bem, não precisa,
HyukJae.
Fiquei olhando com cara
de bobo pra ele que já não me olhava mais. Apesar de um pouco acostumado, ainda
me assustava quando alguém que eu nem sequer conhecia me chamava pelo nome. Ele
se dirigiu a porta e entrou, pude vislumbrar meu chefe sorrindo para si, quando
a porta foi aberta. Livre para voltar a navegar na internet.
Quer dizer, teria voltado a gastar meu tempo
“livre” se não fosse HeeChul que adentrou minha sala, sem cerimônia alguma.
HeeChul, era um dos que
se diziam meus amigos à muito tempo. Um cara legal eu diria, tagarela, mas sabe
ouvir também; sua língua é tão afiada que eu acho que ele não chupa bombons,
ele os corta; foi um dos primeiros a vir falar comigo e me arrumar um emprego
aqui, ele é quem coordena os novatos da empresa e os olheiros; a maioria do que
eu sei sobre mim, foi ele quem contou.
HeeChul caminhou até
minha mesa, rebolando um pouco como sempre, e afastou algumas folhas da
extremidade da mesma para depois sentar em cima.
--Quem era aquele? Não
lembro... – Nem ao menos olhou para mim enquanto falava.
--Alguém chamado Kim
RyeoWook, conhece?
--Ah, claro! O namorado
do KyuHyun, você conhecia, também. E então alguma boa nova?
Desviei o olhar pensando
no que ele havia dito. Mais uma pessoa adicionada a lista dos “Re-Conhecidos”,
por isso KyuHyun o deixara entrar e o recebera com um sorriso no rosto.
--Novidades? Nenhuma.
--Vai sair hoje à noite?
Perdi a paciência tendo que treinar os novos modelos.
--Não vou sair hoje. Vou
chegar em casa e dormir.
Era sempre assim,
HeeChul passava a semana reclamando dos seus treeiners e na sexta levava todo
mundo pra alguma festa. Não adiantava nada recusar, seu eu dizia “não” ele ia
até SoRa e a convencia a me obrigar a ir.
--Vamos sair sim!
Nesse momento RyeoWook
saiu da sala.
--Foi bom rever vocês.
Tchal.
Dirigindo-nos um “tchal” baixo, e um sorriso
maior a HeeChul, e nós apenas o observamos sair. Pouco depois KyuHyun saiu de
sua sala, ficando encostado na porta da mesma já fechada. HeeChul foi o primeiro a dirigir a palavra a ele.
--Não vai embora com
ele?
--Não,
ele vai pra casa dos pais e só volta amanhã à noite. Vai começar de novo. Ele
ainda quer casar. – Ele suspirou e ficou nos fitando.
Apesar
de não me sentir ainda muito a vontade com eles eu sentia a necessidade de
ajuda-lo, e sem pensar muito, falei:
--Quer
conversar?
Ele
sorriu pra mim com os olhos brilhando um pouco e HeeChul também.
--Seria
uma boa.
Então
HeeChul coloca suas ideias mirabolantes e irresponsáveis (porém ótimas) na
história:
--Então
todo mundo pra minha casa agora! KyuHyun você tem carro então passa em um
mercantil e pega cerveja e comida! Hyukkie siga-me!
Suspirei.
Bebedeira de novo, então. Nos três nos dirigimos para o elevador, e eu
aproveitei para avisar a minha irmã que iria para casa do HeeChul. Faltavam
duas pessoas que sempre vinham conosco, mas eles nunca participavam dessas
conversas de bêbados; perguntei para os dois que ainda estavam em silencio:
--Onde
estão HanKyung e SiWon?
KyuHyun
apertou o botão acionando o elevador, enquanto HeeChul respondia o que eu já
imaginava:
--HanKyung
na China, e SiWon fotografando para uma marca de roupa de praia.
O
elevador chegou e nós entramos.
Era
de se imaginar, pelo o que eu sei sobre esses dois é que eu também os conhecia
antes do acidente, e que os dois são modelos da agencia, mas HanKyung era mais
procurado por marcas chinesas por isso frequentemente viajava para lá por no
máximo três dias, o que era de se esperar já que ele é chinês. Já SiWon por ter
um físico mais desenvolvido era mais pedido em revistas ou modas de praia.
Enfim,
chegamos ao estacionamento, mergulhado em minha mente novamente, não percebi
que eles tentavam chamar minha atenção, até que vi uma mão passear a frente dos
meus olhos.
--HyukJae?
Tá ligado? – Era KyuHyun o dono da mão enquanto olhava divertido pra mim,
esperando que eu saísse do elevador, HeeChul estava parado na porta para que
ela não se fechasse, rindo de mim.
--Esqueci
de colocar minha bateria pra recarregar, não sou ligado nos 2000 volts como
vocês!
Rindo
saí do elevador, seguindo para o carro de HeeChul, com o mesmo. De longe ouvi
KyuHyun gritar um “Até daqui a pouco!” então entramos no carro.
Enquanto
HeeChul ligava a maquina, eu me esticava no carro, ligando o radio.
--Quero
dormir, hyung!
--Quero
beber, Hyukkie!!!
Ele
gritou bem mais alto e com a janela aberta, as pessoas do lado de fora do carro
o olhavam como se ele fosse um ET. Vergonha alheia mata?
No
caminho HeeChul cantarolou todos as musicas que passava na radio, vez ou outra
gritando para que eu o acompanhasse. Era divertido ficar com eles,
provavelmente fomos bons amigos, antes do acidente.
Ele
morava em um apartamento sozinho, o local era pequeno mais uma pessoa
conseguiria viver aqui tranquilamente. Assim que entramos HeeChul tirou os sapatos
e eu o imitei, deixando os dois na entrada. A sala era o segundo cômodo a ser
visto, pois vinha um corredor que dava para uma pequena varanda, e duas portas
a direita que eram os quartos, na esquerda do corredor havia a entrada para
sala e para a cozinha, as duas sem portas.
Nos
dirigimos para a sala enquanto HeeChul arrancava minha bolsa de mim jogando em
um dos sofás que haviam ali, e se dirigiu a estante onde tinha uma pilha de
filmes, em uma parte reservada a eles, então me pediu:
--Hyukkie,
afasta os moveis pra ter mais espaço, coloca todos rentes a parede.
--Por
que você não faz? Eu procuro os filmes você é o dono da casa!
--Aff,
eu não vou pegar peso! E não vamos assistir filmes, vou colocar música agora!
Mesmo
sem concordar comecei a empurrar os moveis um por um, até a parede, quando a
companhia tocou.
Fiz
menção de ir abrir, mas HeeChul correu na minha frente rindo e gritando:
“EMPURRE OS MOVEIS HYUKJAE!”, na velocidade que corria, seus cabelos negros e
longos voavam ao seu redor, quem não conhecesse diria que era uma mulher, uma
mulher linda.
E lá vou eu novamente achar homens bonitos...
Como eu poderia achar HeeChul bonito, sabendo que ele é um homem? Sacudindo a
cabeça, voltei a empurrar os moveis e notei KyuHyun entrar.
--Trouxe
bebida e comida!
Assim
que ele chegou à sala colocou tudo no chão, mas precisamente em cima de uma
toalha que só agora notei estar no chão. Então segui até ele o ajudei a retirar
as coisas das sacolas, enquanto HeeChul chegava até nos com copos largos
(embora tivessem enfeites infantis) e pratos de plástico.
Nos
sentamos formando um triângulo, e KyuHyun despejou soju em nossos copos; depois
de beber um pouco, comecei:
--Primeiro,
quem é esse RyeoWook?
Ele
suspirou comendo algum salgado que havia nos pratos, depois de tomar um gole da
sua bebida, e respondeu:
--Bom...
Tudo começou há dois anos, eu fui a um concurso desses de baile de universidade
com o HeeChul, diga-se de passagem, fui obrigado a ir. Ele estava terminando a
universidade faltava um ano apenas, então nos conhecemos lá. Trocamos telefone
e tudo mais, então começamos a sair juntos, dois meses depois o pedi em namoro
e ele aceitou. Um ano depois decidimos morar juntos, porque meu trabalho e o
dele, que havia sido aceito como novo professor de Inglês na universidade
dificultava muito nossos encontros. Há pouco menos de seis meses, ele começou
com uma conversa de querer casar.
--Calma!
Você o ama? –Se KyuHyun gostava dele então não via problemas nisso. Exasperado,
ele respondeu:
--Sim!
Eu o amo! Mas casamento nunca acaba bem! -- Um pouco mais calmo, ele continuou
-- Então toda vez que ele vem com essa conversa eu mudo de assunto bem rápido.
Desde que comecei a namorar com ele, eu sempre soube que seu maior sonho era
casar, mas pensei que talvez ele se esquecesse disso.
Ele
baixou os olhos, já marejados, para a bebida e tomou toda em um gole só, logo
enchendo o copo novamente. HeeChul, que não havia se pronunciado ainda,
comentou:
--Sabe
o que eu acho? Que você tem que conversar com ele. Peça que ele espere mais um
pouco, e tente se acostumar com a ideia de casar. É o sonho dele não é? Se você
o ama, você o quer feliz, sendo assim, você provavelmente não vai levar em
conta sua opinião e vai realizar o sonho dele, não é? Fora que casamento não é
tão ruim assim, o amor não vai acabar só porque agora você tem uma aliança no
dedo.
Inconscientemente
minha mão direita, seguiu para a marca em meu anelar, alisando aquela parte.
Talvez KyuHyun não gostasse realmente dele...
--Kyu?
Não vai desistir da pessoa que ama pelo simples fato de não querer casar, não
é? – Falando aquilo, senti meu peito apertar. Como se alguma mão o apertasse
bem forte, mas continuei: -- A não ser que você não tenha plena certeza de que
o ama. Mas isso só quem vai descobrir é você, não podemos te ajudar.
HeeChul
concordou comigo, e voltou nos voltamos a beber. Pouco depois KyuHyun ligou o
vídeo-game que HeeChul tinha e me chamou pra jogar. Ficamos assim, bebendo,
jogando, comendo e rindo feitos bobos até dar meia-noite.
Completamente
bêbados, eu e KyuHyun pegamos o mesmo taxi, ele deixara o carro no
estacionamento de HeeChul, e fomos para casa.
Quando
cheguei em casa todas as luzes estavam apagadas, então apenas subi a escada
rumando meu quarto e sonhando com minha cama. Assim que consegui entrar no
quarto me joguei de qualquer jeito na cama e dormi.
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